Luisa não é preguiçosa. Nem burra. Ela apenas sofre de discalculia, um transtorno de aprendizagem tão comum em salas de aulas quanto a dislexia.
Desde que consegue se lembrar, a paulistana Luisa Andrade, que hoje tem 17 anos, não se entendia com os números. As aulas de matemática eram um suplício. Na 3ª série, aos 9 anos, experimentou pela primeira vez a vergonha que a acompanharia até o ensino médio. Para tomar a lição dos alunos, a professora costumava pedir para que todos ficassem em pé em cima de suas carteiras e recitassem a tabuada. Só sentava quem acertava a sequência. Era uma tarefa impossível para Luisa, que sempre ficava por último, em pé, sozinha, exposta à risada dos coleguinhas.
Luisa Andrade (sentada) com sua tutora no jardim de casa. Ela abandonou a escola depois de várias situações constrangedoras em sala. |
Os anos se passaram e as situações constrangedoras foram se acumulando, tanto nas salas de aulas quanto em passeios com a turma de amigos. No cinema ou na lanchonete, Luisa nunca soube calcular o troco. Ou ver as horas. O pior momento foi no ensino médio. Durante uma aula de física, a professora pediu para que Luisa, que é loira e vestia uma blusa cor-de-rosa, resolvesse um problema na lousa. Luisa não foi capaz de escrever nada. Ficou lá parada por alguns minutos. A professora, então, disse a ela: “Pode voltar para sua carteira, Barbie”.
Luisa não é preguiçosa. Nem burra. Ela apenas sofre de discalculia, um transtorno de aprendizagem tão comum em salas de aulas quanto a dislexia (o transtorno de aprendizagem de leitura). Quem tem discalculia não possui habilidades matemáticas. Faltam noções de grandeza ou de valor dos números. Essas pessoas não conseguem fazer cálculos e nem sequer decoram a tabuada (leia abaixo o quadro com os principais sintomas). Pesquisas internacionais estimam que entre 5% e 7% da população mundial sofre desse transtorno. Os impactos afetam toda a sociedade. Segundo um estudo britânico, a discalculia gera um prejuízo anual ao país de 2,4 bilhões de libras (ou R$ 5,8 bilhões). Isso porque as pessoas com dificuldades matemáticas tendem a ganhar e gastar menos. Seriam mais propensas a ficar doentes e cometer crimes. Também demandam mais ajuda da escola.
Pessoas com discalculia sofrem nas aulas de matemática e também não desenvolvem noções de tempo e espaço. Saiba quais são os sintomas acessando o artigo completo.
Leia o artigo na íntegra visitando a Revista Época.
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