Isso te impede de aprender Matemática

Você pode assistir aulas na escola o ano todo, ler diversos livros, assistir dezenas de vídeo aulas no Youtube, resolver massivas listas de exercícios, instalar diversos aplicativos em seu smartphone, tablet ou computador, mas nada disso irá funcionar se você não tiver um fator primordial para avançar em seus estudos. O que é?

Você pode assistir aulas na escola o ano todo, ler diversos livros, assistir dezenas de vídeo aulas no Youtube, resolver massivas listas de exercícios, instalar diversos aplicativos em seu smartphone, tablet ou computador, mas nada disso irá funcionar se você não tiver um fator primordial para avançar em seus estudos. O que é? Confiança.

Acredito fervorosamente que qualquer pessoa pode ser fluente em Matemática, desde que não sofra de nenhuma patologia que impeça isso. Porém, é necessário que se tenha o mínimo de consciência intelectual para identificar suas prioridades e tenha também muita força de vontade para estudar, sem desanimar. [Trecho de Como treinei meu cérebro para me tornar fluente em Matemática]

Como assim confiança? Acompanhe essa "dinâmica" que sempre aplico em sala de aula no começo do ano letivo em todas as minhas turmas.

Em uma aula no 6º ano do Ensino Fundamental II, depois de algumas conversas, faço um suspense sobre uma pergunta muito difícil que é para ser respondida rapidamente. Pergunto quem quer responder. Raramente um aluno levanta o braço e diz: eu quero!

Depois de insistir, um aluno levanta o braço e aceita o desafio. Conto 5 segundos e lanço a pergunta: 9 vezes 7 é igual a... E o aluno responde rapidamente: 63! Replico: tem CERTEEEEEZA?!

E a primeira reação do aluno é essa como mostra o gif abaixo:

Ora, se para uma simples pergunta da tabuada vemos essa reação, imagina para temas avançados que ainda irão estudar. Daí continuo com outras experiências durante a aula. Faço algumas perguntas que exigem muito mais a atenção do aluno do que raciocínio.

E esta experiência acaba revelando para os próprios alunos, o que pode acontecer durante o processo de sua aprendizagem com a Matemática.

Outra dinâmica que aplico no início do ano letivo

Inicio falando para os alunos do 6º ano, por exemplo, que aprender Matemática de agora em diante, nesta nova vida estudantil do Ensino Fundamental II, exige duas coisas muito importantes: confiança no que se responde e atenção para o que escuta.

Em seguida falo para a turma que provarei isso, através de algumas perguntas, o que acontece quando não estão atentos para uma fala ou quando não têm confiança em uma determinada resposta dada ao professor.

Veja estes exemplos de perguntas (são 4) que são lidas para a turma e que repito apenas uma vez. Ganhe a atenção da turma fazendo suspense sobre como a falta de atenção nos faz errar sobre problemas simples.

• [tab]
• Pergunta 1:
• Qual a metade de dois mais dois?
• Pergunta 2:
• Na frente da casa de praia do pai de Clara há 12 palmeiras e cada uma tem 12 cocos. Quantos cocos tem ao todo?
• Pergunta 3:
• Suponhamos que você está correndo numa maratona e ultrapassa o segundo colocado. Qual a sua nova colocação?
• Pergunta 4:
• O pedreiro Pedro leva 3 horas para cavar um buraco. Com a ajuda de alguém Pedro levaria quanto tempo para cavar meio buraco?

Todo ano faço estas perguntas para turmas do 6º ano e é incrível como 80% dos alunos acabam errando por pura desatenção e um pouco de falta de confiança (respostas com dúvidas). Para ter este controle de quem acerta ou erra as perguntas e tornar esta atividade mais divertida, você pode usar o aplicativo kahoot.com para criar um quiz online interativo.

Ao criar um quiz interativo, você também dispõe de um código para que o quiz seja acessado pelos celulares dos alunos. Todos os alunos acessam o quiz em tempo real e respondem as perguntas em tempo real. No final é mostrado o ranking de quem mais acertou. É bem divertido.

Não entendeu? Assista este vídeo no Youtube. Caso não esteja mais online, baixe aqui.

8 erros que te impedem de aprender como ser confiante¹

1) Ser negativo(a) demais

Sempre acha que tudo que faz dará errado. Tudo mesmo, inclusive estudando Matemática. As maiores mentes que a humanidade já viu, tiveram seus problemas pessoais e profissionais, porém a sua perseverança em continuar a desenvolver seu trabalho foi mais forte. E eles mudaram o mundo como conhecemos hoje. Vou citar apenas um nome: Isaac Newton. Conhece?

Newton criou Teoria da Gravidade durante quarentena da peste bubônica. Longe de Cambridge e da epidemia que deixou 100 mil mortos, o cientista ainda encontrou tempo para iniciar seus estudos sobre cálculo e óptica. [Leia mais no site da Revista Galileu]

2) Acreditar que só grandes realizações contam

Alguém já falou para você assim? Sonhe! Sonhe alto! Não é errado sonhar! Ok, tudo bem! Já dizia Shakespeare...

Se os sonhos estão nas nuvens, eles estão no lugar certo. Agora, construa os alicerces… [Frase atribuída a William Shakespeare]

Independentemente que seus objetivos sejam a curto ou a longo prazo, eles podem atrapalhar o crescimento da sua confiança, se neste período tiver outras distrações sem nenhuma prioridade. Pois a confiança vem de pequenas conquistas que acontecem ao longo de um dia, uma semana ou meses. Estas pequenas vitórias, uma a uma, fazem com que a sua confiança aumente.

Portanto pense grande e pequeno ao mesmo tempo.

Não consigo tirar 10 na prova o ano todo! (contente-se com a média, depois trabalhe para tirar 8,0, depois 9,0).

3) Comemorar vitória antes do tempo

A humildade é uma característica muito nobre de uma pessoa. E quando a humildade é levada para os estudos, ao meu ver, ela torna-se ainda mais nobre. Desdenhar o conhecimento alheio e elevar o próprio conhecimento às alturas, nunca termina bem.

Imagine um aluno que se vangloria com suas notas 10,0 em Matemática o ano todo. Não ajuda seus colegas e ainda por cima repete aos quatro ventos que tudo é fácil e irá passar na prova do Instituto Federal facilmente. Imaginou a situação? Pois é, não passou!

4) Pensar que você pode fazer tudo sozinho(a)

Acreditar que aulas assistidas na escola e vídeo aulas de reforço no youtube para tirar dúvidas que não foram sanadas na escola, é perigoso. Nem todas as pessoas conseguem aprender assim. Trabalhar em sua autoconfiança é preciso que os outros também se sintam confiantes numa cultura em que todos acreditam que podem ter sucesso.

Não adianta:

• Meu professor acha que não posso aprender;
• Meus pais acreditam que não sei fazer nada de útil;
• Meus colegas não confiam em mim.

Entre outras situações.

Ao mesmo tempo que você os ajuda, eles também irão ajudar você.

5) Culpar os outros em vez de admitir

Aprender como ser confiante tem a ver com se responsabilizar pelas próprias ações, digna de um verdadeiro estudante. A relação professor-aluno é cheia de altos e baixos durante um letivo. Não reconhecer erros e fazer um mal discernimento sobre quem errou ou acertou em uma determinada ação, transportará a confiança (ou falta dela) para todos os demais envolvidos.

Fazer uma autoavaliação é importante neste momento. E neste caso tenho propriedade para dizer isso. Recomendo que leia o artigo Como treinei meu cérebro para me tornar fluente em Matemática.

6) Ficar sempre na defensiva

Uma coisa é escutar e responder críticas. Outra é respondê-las antes que sejam feitas. Não se defenda se não foi atacado. Peça desculpas pelos seus erros, e jamais pelo que você é.

7) Desprezar fatos problemáticos

Confiança não é otimismo cego, que diz que tudo vai ficar bem não importa o que aconteça. Na verdade, haverá erros, problemas e pequenas perdas no caminho das grandes vitórias. A confiança aumenta quando você vê o que pode dar errado, pensa em alternativas e se sente preparado para qualquer coisa.

8) Autoconfiança não é arrogância

Não deixe que a confiança se transforme em arrogância – a diferença entre as duas é bem pequena. O exemplo citado no tópico 3) cabe bem aqui.

Concluindo

Existem diversas formas de você mostrar para seus alunos que aprender Matemática depende de atenção e confiança. O que foi mencionado no início deste post é apenas um experimento lúdico para que eles gravem a ideia com mais clareza. É claro que estudar Matemática envolve muitos outros fatores além de ser atencioso durante as aulas e se mostrar confiante durante alguma avaliação ou projeto.

Recomendo que leia os artigos Você é um aluno fraquinho! e Deixe o seu aluno dar aula por você, que trata sobre como professores e alunos lidam em relação a atenção mútua e as consequências para a aprendizagem.

Não confunda 'ser atencioso', com 'estou assistindo aula'. Ser atencioso durante uma aula é se mostrar presente em todo o processo da aula. Não entendeu? Pergunte! Não quer perguntar? Vá até a mesa do professor! Não quer ir até a mesa do professor? Chame-o até a sua cadeira. Explore o seu professor da forma mais objetiva possível, buscando entender sobre o que ele está explicando. Tenho a certeza que ele irá gostar do seu empenho.

Durante uma aula de Matemática, qualquer deslize (intencional ou não) pode acarretar em problemas de aprendizagem para a próxima aula e isso no futuro próximo vira uma "bola de neve" que não para de crescer.

¹Texto adaptado de blog.runrun.it.